sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

A Espiritualidade e a minha Humanidade



Quando se fala de “espiritualidade”, qual a primeira imagem ou conceito que vem à mente? Lembro bem da minha adolescência... A maneira como eu costumava me relacionar com Deus. Eu pedia que Ele fizesse de mim uma pessoa super-espiritual, e me esforçava o máximo pra que isso acontecesse. Eu queria ter algo diferente de Deus na minha vida, algo que todos ao meu redor percebessem. Queria que alguém, quando apenas olhasse pra mim, fosse constrangido com tamanha presença de Deus. Isso ocorria porque na minha cabeça uma pessoa espiritual era quase um zumbi, alguém de outro mundo, intocável pelas coisas terrenas e humanas. Mas com o passar dos anos, de acordo com que eu ia crescendo e aprendendo mais de Cristo, aprendi também algumas lições valiosas a respeito da simplicidade do Evangelho e, naturalmente, a simplicidade da verdadeira espiritualidade.
Quanto mais me relacionava com Jesus e procurava conhecê-lo, mais entendia o quanto Ele era simples, e o quanto andar com Ele podia ser tão natural, constante, prazeroso e espontâneo como uma criança que anda pela calçada dando pulinhos de alegria e sorrisos enquanto conversa com o papai. Aos poucos, fui me despindo (até hoje) da religiosidade que eu nem sabia existir em mim, e que era uma grande barreira para a verdadeira espiritualidade que eu tanto buscava.

O tempo em missões na África que Deus me proporcionou foi essencial para estabelecer em meu ser uma linda verdade sobre a minha relação com Ele: a verdadeira espiritualidade tem tudo a ver com a minha humanidade!
Aprendi com o povo africano de uma forma muito profunda o quanto Jesus participa da nossa realidade. Ele está sempre conosco, em nossa rotina. Ele sabe muito bem o que é ter os pés sujos de poeira, sabe o que é passar fome e sede, sabe o que é estar exausto depois de um dia todo trabalhando debaixo de um sol ardente. Ele se identifica com tudo o que diz respeito a nós. Jesus sempre demonstrou tamanha simplicidade e humanidade em todo o Seu agir, falar e ensinar. Quem diria ser possível comer um peixinho assado na beira da praia com o Deus encarnado, hein? Os discípulos que o digam! Acontece que, com o passar dos anos, muitas vezes deixamos essa simplicidade e pureza ir embora da nossa espiritualidade. E juntamente com a idade adulta, vem o racionalismo e orgulho que nos roubam o encanto. Jesus falou que seria preciso nos tornar como crianças para entrarmos no Reino de Deus. Por que será?

Quando leio os Evangelhos percebo que o que mais chamava a atenção de Jesus era a fé das pessoas. Ele parava tudo quando via algum coração cheio de fé. As crianças são assim! Não há nada impossível na mente delas. Elas são capazes de correrem grandes perigos com muita alegria, porque acreditam que tudo ficará bem. E quando se trata da relação delas com Jesus, ao orarem, creem de todo o coração que Ele está ouvindo e sabem que vai acontecer o que pediram. Elas não têm a intenção de fazer coisas pra serem mais amadas, elas apenas sabem que Deus as ama, porque alguém disse. E isso é suficiente.

Creio que a verdadeira espiritualidade – aquela onde Jesus é o centro, o foco e a razão – não é essa coisa complexa e distante como muitas vezes ouvimos ou lemos nos livros. Não é também o que a religião prega. Mas é simplesmente um relacionamento de amor e afeto com Jesus! É algo espontâneo e verdadeiro como uma criança. É um estilo de vida de alguém que tem a certeza de ser lavado pelo sangue de Cristo; de alguém que tem a segurança de pertencer a um Deus que é incansável em amar; de alguém que é livre, pois foi perdoado e não carrega mais nenhuma condenação sobre si!

Todos nós, em algum momento da vida (ou vários), precisamos fazer um caminho de volta. Os anos passam e com eles às vezes deixamos o que era vital passar. Ás vezes será preciso deixarmos de ser adultos demais na nossa relação com Jesus e voltarmos a ser crianças! Isso não quer dizer ser infantil. Mas simplesmente resgatar aquelas características da qual Jesus falou que precisávamos para entrar no Reino, para ver o Reino, pra nos movermos de acordo com o Reino.

A espiritualidade cristocêntrica não é feita de regras religiosas que nos oprimem. A espiritualidade que se centraliza em Jesus nos liberta, nos torna mais humanos e acessíveis às pessoas. Ela não nos exclui do mundo, mas nos ensina a nos relacionarmos com ele.


Foi esse o exemplo que o Mestre nos deixou!

Um comentário:

Thais Cristina disse...

Que reflexão para esse começo de semana, estou a cada dia buscando viver esse espontâneo e verdadeiro na minha vida. Quero mto poder deitar no colo do Pai e sentir ele me apraçando. Minha Oração tem sido, Senhor aumenta minha fé, para que possa ver como o Senhor ver!
Que Deus continue a te abençoar sempre Su.
Beijos Thais