segunda-feira, 30 de abril de 2012

Maravilhosa Cruz


Através do livro “A Cruz de Cristo” de John Stott, tive a oportunidade de conhecer algumas facetas do cristianismo na história, assim como o significado da cruz em determinadas épocas e gerações. De fato, desde os primeiros séculos, depois da ascensão de Cristo ao céu, existiram sempre dois grupos: os que compreenderam a cruz e se gloriaram nela, e aqueles que não entenderam e distorceram o seu significado.

A verdade é que a religião constituída pelo homem é totalmente oposta à mensagem da cruz. Enquanto uma prega que é preciso nos esforçarmos para sermos aceitos e dignos diante do Deus santo, a cruz revela que tudo já foi consumado em Jesus. Por causa Dele, já fomos aceitos com prazer pelo Pai em Sua presença!
Tive a oportunidade de conhecer diversas igrejas do Brasil, e pude perceber o quanto muitas delas ainda vivem debaixo de uma tensão, como se a cruz não tivesse sido suficiente. Se esforçam para agradar a Deus com suas próprias forças e caminhos, lutando diariamente com um sentimento de culpa e indignidade, pois nada do que fazem, por mais certinho e religioso que possa ser, é capaz de dar uma consciência limpa e livre.

Lembro-me bem do sentimento que eu tinha quando era criança... Uma sensação de medo sobre tudo o que dissesse respeito a Deus. Até que um dia tive meu encontro pessoal com Jesus, lá para os meus 9 ou 10 anos. Foi uma experiência incrível, sozinha no meu quarto, através de um pequeno livro que falava sobre o que era ser um verdadeiro cristão. A partir daquele dia, descobri que existia algo na presença de Deus que fazia com que tudo mais perdesse a importância. Essa presença me transformava, me libertava do sentimento de medo e desamparo. Foi então que começou uma linda e obstinada jornada em minha vida de busca por Deus. Eu queria conhecê-lo mais, queria saber agradá-lo. Eu tinha uma motivação verdadeira em tudo o que eu fazia, apesar de ainda sofrer com sentimentos de culpa, peso e indignidade perante Sua santidade. Creio que o Pai reconhece quando um coração é verdadeiro em buscá-lo. E mesmo que a pessoa ainda possua pensamentos distorcidos a Seu respeito, Ele se revela, se deixa descobrir, se derrama cada vez mais sobre esses seus pequeninos sedentos que O buscam de todo o coração. Foi o que aconteceu comigo! Durante essa minha busca, fui conhecendo o amor de Deus, Sua graça, até enfim ter um encontro forte e definitivo com a cruz. Foi um processo longo, que está durando até hoje... mas que mudou a minha vida pra sempre! Finalmente compreendi o que Jesus fez por mim. Entendi que o véu do templo se rasgou no momento exato em que Jesus morreu, revelando para todas as gerações que o caminho para o Santo dos Santos estava aberto, livre para todos nós! Agora poderíamos servir a Deus sem medo, pelo novo modo do Espírito, como diz em Romanos 7.6: Masagora,morrendoparaaquiloqueantesnosprendia,fomoslibertadosdalei,paraquesirvamosconformeonovomododoEspírito,enãosegundoavelhaformadaleiescrita.

Vejo que a Igreja brasileira precisa receber de uma forma ainda mais profunda a revelação da cruz. É preciso que cada cristão tenha um encontro pessoal com ela, algo que nenhuma teologia pode descrever. Pois ainda há muitos que estão vivendo debaixo de uma opressão de satanás, sofismas e mentiras que trazem culpa, condenação, peso, medo, sentimento de orfandade e indignidade. Creio que essa é a maior e mais eficaz estratégia do inimigo para abater um filho de Deus: acusando-o. E se a Igreja de Cristo não tiver uma base firme de conhecimento da cruz, ela sempre estará fraca e vulnerável às acusações de satanás.

O que mais precisamos nas igrejas brasileiras é de líderes marcados pela cruz, não só na questão de compreender a graça do perdão, da substituição e do amor incomparável demonstrado ali por nós, mas também na questão da auto negação e renúncia. A mensagem da cruz também nos remete a necessidade de negarmos a nós mesmos, assim como Cristo se negou para fazer a vontade do Pai. Seguir Jesus significa, acima de tudo, ser crucificado com Ele. Essa é a morte do eu; é a aniquilação da nossa natureza pecaminosa. É impossível alguém ser discípulo de Cristo sem querer crucificar sua velha natureza. Assim, apenas alguém marcado pela cruz, que sabe o que é morrer pra si mesmo e para o mundo a fim de viver inteiramente para Deus, pode pregar a cruz. A Igreja precisa ser levada a esse entendimento de que não estamos aqui para fazer a nossa vontade, mas sim vivermos para Aquele que nos amou e se entregou por nós! Pois se participamos de Sua morte e de Seus sofrimentos, também participaremos de Sua glória! Glória essa que jamais se penetrou em mente humana! Aleluia!!!

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Testemunho da música "Marcas de Amor"


Quando o sol parece não surgir de manhã
E a tempestade a me confundir
Eu sei em quem eu posso me apegar

Jesus trocou a voz de pranto em linda canção
Minha sede interior saciou
E sei que nunca mais eu serei a mesma

As marcas de amor que deixaste em meu ser
São bem mais profundas
Do que as marcas de dor que a vida insiste tentar
Deixar em mim

Minha esperança está em Ti!

(por Suelen Migowski
em 07/01/2012)

Peguei-me num momento em minha vida onde fiquei vários dias questionando a Deus em meu coração do por quê a vida tinha que ser tão dura. Por que eu tinha que passar por certas dores, dificuldades e aflições? Por que o Senhor, sendo Todo Poderoso, não podia aliviar e fazer com que tudo ficasse bem?
Então, num belo dia, sem esperar, surpreendi-me quando escutei Ele sussurrando claramente em meu coração: "Filha, as marcas de amor que deixei em você são mais profundas do que as marcas de dor que a vida tenta deixar em você todo dia."

Fiquei extasiada! Parei por um instante pra tentar absorver aquelas palavras tão profundas. Um filme da minha vida começou a passar em minha mente. Lembrei-me de cenas da infância, adolescência e até de quando eu era bebê. Lembrei-me de situações específicas onde fui marcada pelo Seu amor e cuidado, que me curaram, que me consolaram em momentos difíceis, que me deram esperança em meio ao caos e que me conduziram vitoriosamente até aqui. Em seguida lembrei-me da vida de Jesus enquanto esteve na terra... Cenas de Seu sofrimento, renúncia, sacrifício e morte... "Tudo isso por mim!", concluí. E continuei refletindo: "Minhas dores não chegam aos pés do que Ele passou... E se Ele venceu, eu também vencerei!".
Lancei-me para viver aquele dia com o meu ânimo e esperança renovadas, e sabia em meu coração que aquela frase, aquela ministração do Pai em meu coração, ainda viraria uma música.

Pouco tempo depois, num dia qualquer, senti que havia chegado a hora dessa canção nascer. Parei tudo, fechei a porta do meu quarto, peguei meu violão e comecei a orar, pedindo ao Senhor que me desse as palavras certas e melodia que Ele queria.

Poucas músicas nascem de forma tão natural e rápida como essa. Foi como um beijo do céu! Quando tudo terminou, cantei-a outra vez... pra Ele! E pensei: "Obrigada, Deus, agora tenho esse lindo memorial para renovar a minha esperança toda a vez que o sol parecer não surgir e a tempestade tentar me confundir!".

Mas a história não parou por aí.
Senti o desejo de compartilhá-la com dois amigos muito queridos e companheiros de ministério que sempre me incentivam muito: Nádia Cardoso e Robson Santana - grandes exemplos pra mim de verdadeiros adoradores!
Naquela semana eu estava auxiliando o Rob nas músicas do Auto, e estava até com o objetivo de compor algumas específicas para esse musical de Páscoa. Mas quando compartilhei "Marcas de Amor" com eles, deixei bem claro que não havia composto pensando no Auto, mas era algo pessoal do meu relacionamento com Deus.
A Nádia respondeu: "Não tenho certeza de que não tem a ver com o Auto...". E então, uns dias depois, o Robson me deu a notícia que eles queriam essa canção fazendo parte do Auto de Páscoa.

Na versão original, tinha esse verso:

Meu Salvador na cruz mostrou o seu grande amor
Com dores e aflições se entregou
E hoje sei que como Ele venceu eu vencerei

Precisei adaptar para que a personagem "mulher samaritana" cantasse. Foi quando nasceu o outro verso para o Auto de Páscoa:

Jesus trocou a voz de pranto em linda canção
Minha sede interior saciou
E sei que nunca mais eu serei a mesma

Fiquei maravilhada com a maneira com que Deus estava fazendo tudo! Jamais imaginaria que essa canção, nascida de uma experiência tão particular minha, iria servir pra abençoar tanta gente! E poder receber os testemunhos de pessoas que foram consoladas com essa mesma consolação que recebi, me faz levantar um altar de gratidão ao Senhor por tanta graça em nos usar!

Que o Pai continue nos abençoando, fortalecendo e nos conduzindo em nossas batalhas pessoais, pois nenhuma dor ou tribulação será mais forte do que o Seu amor por nós! E podemos ter a certeza de que, assim como Ele venceu, nós venceremos!

No amor infalível do Mestre,

Suelen Migowski

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Encontre Deus na Rotina

Lembro-me de já ter escrito textos, músicas e poemas sobre Jesus ser a fonte da nossa vida em cada instante; sobre Ele ser a nossa satisfação; de podermos experimentar Sua presença momento a momento. Mas e quando a vida está surpreendentemente agitada e corrida? Será que é possível viver tal serenidade e paz característica de alguém que está interiormente sendo renovado dia após dia, apesar do desgaste físico e mental?

Eu costumava ter uma vida tranquila, até pelo menos o terceiro ano do segundo grau. Movida pelo meu temperamento melancólico, gostava de ficar horas e horas em contemplação e meditação, pensando na vida, no meu futuro, nos meus sonhos, nas palavras que Deus havia proferido sobre mim. Às vezes isso acontecia através de um livro, de uma música, ou simplesmente conversando com Jesus de frente para uma bela paisagem.
Eu podia esquecer qualquer coisa que eu estivesse fazendo quando percebia algum vislumbre da beleza de Deus ao meu redor. Todo o meu ser suspirava pelo Belo. Terno. Delicado. Sensível. Irresistível. Jesus era assim pra mim!
Eu fugia de qualquer tipo de agitação ou confusão que tentasse ofuscar essa minha visão Dele. Não gostava da correria ou ativismo. Na verdade, eu condenava tudo isso e fazia de tudo pra manter longe de mim. Eu amava a solitude. Não queria perder o silêncio. Eu dependia dele pra ouvir Deus e pra me sentir perto Dele.

Mas com o passar dos anos, algumas coisas mudaram consideravelmente a minha rotina. Tudo começou quando fui para o seminário. Meu dia-a-dia era bem cheio de leituras, reuniões, trabalhos, estudos, ensaios, música pra todo lado, barulho, relacionamentos com os amigos de quarto e de turma... Tudo era muito bom sim! Afinal, estava fazendo o que amava e vivendo um grande sonho. E mais do que isso: era o sonho de Deus pra mim! Mas quando se passaram os primeiros meses, onde tudo o que era novo começava a ficar comum, a rotina agitada já não era mais tão empolgante. Peguei-me angustiada, com saudade do silêncio, da calmaria, da vida tranquila. Até que num belo dia, uma professora minha de teologia, mulher de Deus muito sábia, nos deu uma palavra que eu nunca mais esqueci. Ela disse: "Até aqui tem sido muito fácil vocês reconhecerem Deus no dia-a-dia. Tudo é novo! Tudo é lindo! Tudo é atraente e empolgante... e tudo coopera pra vocês O buscarem. Mas daqui a pouco, vocês terão que aprender a reconhecer Jesus na rotina.". Essas palavras foram uma revelação pra mim. O entendimento dessa verdade inaugurou um novo tempo no meu relacionamento com Jesus. Comecei a procurar ouvir a voz de Deus e reconhecer sua presença no meio da agitação, dos muitos afazeres. Comecei a praticar intencionalmente isso.

No ano seguinte fui para o meu prático na África. Que ano cheio! Fiz o que nunca tinha feito antes, numa intensidade e rotina que quase não dava tempo de pensar em mim mesma. No entanto, era impossível não ver a mão de Deus agindo, movendo, nos usando, nos protegendo, nos guiando em cada decisão, trabalho e circunstância. Aos poucos fui entendendo que a presença de Jesus comigo não se limitava apenas ao silêncio... Ele estava presente até mesmo no meio da agitação! Eu podia desfrutar da comunhão com Ele em qualquer dia, hora ou circunstância... fosse na solitude, fosse na rotina corrida.
Comecei a entender que andar com Jesus era muito mais abrangente do que os meus momentos de secreto no quarto. Descobri que Ele tinha interesse em participar de tudo no meu dia. Ele se importava com cada detalhe, até mesmo as tarefas mais ordinárias. Nada era perda de tempo! Vi que não  existia no mundo um metro quadrado se quer que estivesse fora dos limites de Sua presença.

Como fui liberta por essa verdade! Meu andar com Jesus desde então ficou muito mais leve e livre, pois entendi que de fato não há nada que possa me separar Dele... Nem mesmo a minha rotina tem poder pra isso!

Jesus é, e sempre será, maior do que todas as coisas!
Deixe a graça da intimidade com Ele te envolver e te fazer entender que o Seu amor e presença nunca vão embora, aconteça o que acontecer.

Aproveite a terna e graciosa presença de Jesus na sua rotina hoje, pois Ele é uma fonte que nunca acaba!!!